Foi
devagarinho que fui sentindo chegar o tão esperado regresso e que, passo por
passo, conjugando a saudade do que fica e a inevitável felicidade do que virá, fui
arrumando toda uma nuvem de sentimentos e desejos.
Pelo
caminho, outras nuvens foram surgindo. As nuvens que se vêm através da pequena
janela do avião e as nuvens que se vêm através da janela do carro. Tamanho
contraste. Primeiro, um tapete de nuvens brancas que fazem lembrar algodão
doce; depois uma imensa nuvem de fumo carregada de tonalidades sombrias. Nada agradável!
Infelizmente
é esta nuvem de tonalidades sombrias que faz questão de me acompanhar quase até
à porta de casa. São estas nuvens e as paisagens devastadas que mais despertam
a minha atenção durante aquela viagem e que vão deixando os meus desejos um
pouco à deriva.
Por
mais que já estivesse à espera, não deixa de ser triste e desolador. Mas é
mesmo assim regressar a Portugal no Verão. De repente, voltar a recordar que
esta nuvem cinzenta vai pairar dia após dia, ano após ano. É duro demais.
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