domingo, 26 de fevereiro de 2012

The sounds of forest. The sound of life.

05h40: triiim-triiim-triiim-triiim
O despertador diz que está na hora de acordar. Calçamos as botas e partimos para a floresta, onde nos podemos perder, ou encontrar.
As ruas estão desertas. Só se ouvem as gralhas…
Ao passarmos pelo rio, ainda com gelo, somos surpreendidos por uma garça-real a pescar. Esta assusta-se… Pedimos desculpa! Não temos qualquer intenção de incomodar… E seguimos, para não perturbar mais.
Quando olhamos para trás, reparamos que ela está de volta. Uufa! Sorrimos e recomeçamos a caminhar, felizes.
Estamos quase a chegar e a porta, como sempre, está aberta. Não é preciso perguntar se podemos entrar, mas por uma questão de respeito (e boa educação), pedimos licença.  O pica-pau-malhado-grande aprecia o gesto e deixa-se permanecer ali, pousado no tronco, enquanto nós o admiramos.
Estamos metidos na floresta. Agora somos só nós, as árvores, os arbustos, as flores e os animais. Pisamos o solo húmido, coberto de folhas e alguns ouriços que foram caindo dos castanheiros. Pomos um pé diante do outro, lentamente e com atenção para não danificar nada.
Conseguimos ouvir um cuco e uma coruja. Do rio chegam as conversas do pato-real, da tadorna e do ganso-de-faces-pretas.
Por todo o lado esvoaçam centenas de passeriformes. Ora pousam em ramos, ora pousam em arbustos, ora pousam no chão, bem perto de nós. Felizmente não se estão a sentir ameaçados. “Posso tirar-te uma fotografia?”, pergunto por fim. Ele balouça, voa para a árvore e pousa num pequeno ramo como se dissesse “Tira agora!”. Depois, volta a voar… (Como deve ser bom ter asas, penso, mais uma vez!)
… E nós voltamos à nossa caminhada. Somos acompanhados por pombos-torcazes e gralhas que estão sempre a meter conversa connosco!
 Sentamos num banco improvisado e contemplamos o rio: há um corvo-marinho-de-faces-brancas a limpar a plumagem. De repente, um imenso som vindo dos arbustos faz-nos voltar ao caminho, mas em vão. Já não conseguimos ver nada!
Estamos quase a terminar. O esquilo-cinzento não quer ser visto. Talvez ainda seja muito cedo para brincar! Ou… Talvez ele queira que nós voltemos mais vezes!... Mas por agora, está mesmo na hora de regressar.
E saímos pela outra porta, igualmente aberta, com a certeza de que, para trás, deixámos apenas as nossas pegadas. Connosco levamos uma fotografia e toda a energia que absorvemos durante estas três incríveis horas, na vossa companhia. 

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Are moorhens shy?

É noite. Junto a um lago ouve-se um “kyorrrl!” e alguém te diz “é uma galinha-de-água.”. Paras e ficas à espera de a ouvir novamente. Depois, aguardas para a conseguir ver sob a luz do luar e das estrelas, escondida algures entre a densa vegetação.  O vento sopra e os arbustos bailam. Faz-se silêncio.
Mais tarde, longe, relembras esse encontro; regressas e voltas a ouvir o mesmo “kyorrrl!” que te mantém acordado. Ingenuamente, pensas que todo o mundo se pode apaixonar tal como tu. Mas afinal, o que tem de especial uma pequena ave de cor escura e patas verdes?
Mais longe, durante o dia, enquanto passeias distraidamente, ouves um “Kyorrrl!” ao fundo. Começas a correr e és surpreendido por uma família que nada descontraída. Relembras o primeiro encontro. Relembras vários outros encontros, o entusiasmo e as recordações que cada um te trouxe. Tão simples e tão maravilhoso.
Tu sabes que não a podes encontrar em toda a parte. Ainda assim, há muitos lugares onde a podes ouvir e ela dar-te-á sinal sempre que estiver presente. Pode ter outros nomes e até outros hábitos, mas será sempre muito especial. Pelo menos, é esse o meu desejo.
A última vez… Estava no rio Dart.