segunda-feira, 9 de julho de 2012

Nuvens


Foi devagarinho que fui sentindo chegar o tão esperado regresso e que, passo por passo, conjugando a saudade do que fica e a inevitável felicidade do que virá, fui arrumando toda uma nuvem de sentimentos e desejos.
Pelo caminho, outras nuvens foram surgindo. As nuvens que se vêm através da pequena janela do avião e as nuvens que se vêm através da janela do carro. Tamanho contraste. Primeiro, um tapete de nuvens brancas que fazem lembrar algodão doce; depois uma imensa nuvem de fumo carregada de tonalidades sombrias. Nada agradável!
Infelizmente é esta nuvem de tonalidades sombrias que faz questão de me acompanhar quase até à porta de casa. São estas nuvens e as paisagens devastadas que mais despertam a minha atenção durante aquela viagem e que vão deixando os meus desejos um pouco à deriva.
Por mais que já estivesse à espera, não deixa de ser triste e desolador. Mas é mesmo assim regressar a Portugal no Verão. De repente, voltar a recordar que esta nuvem cinzenta vai pairar dia após dia, ano após ano. É duro demais.